para começar
Em 2012, logo após completar 16 anos, fiz meu currículo e saí entregando de loja em loja na minha cidade. Parece que foi ontem: eu entrando em cada uma e perguntando - "Olá, posso deixar meu currículo com vocês?".
Eu não tinha nenhuma experiência, exceto a de levar meu vizinho ao Kumon uma vez por semana. Até que consegui meu primeiro emprego como vendedora em uma loja. A única certeza que eu tinha era de que realmente não sabia nada sobre o que estava fazendo. Ainda assim, era divertido conversar com as pessoas e tentar entender as intenções por trás de cada compra.
Um dia, fui vender uma sapatilha nova que tinha acabado de chegar. Só que cometi um erro básico: não conferi se o par estava correto. No final das contas, as numerações eram diferentes. A cliente só percebeu ao chegar em casa.
Esse foi meu primeiro erro no trabalho. Corta para alguns dias depois: lá estava eu indo comprar pão para o café da tarde... e esquecendo o pão na padaria. Parecia até de propósito, mas não era.
Sobre a sapatilha, fiquei muito chateada, mas a cliente foi compreensiva e até brincou: "Ela é nova aqui, né?", com uma risada simpática no final.
Em 2016, já tinha saído da loja e estava no meu segundo estágio, dessa vez na área de eventos. Era meu primeiro estágio na área (o primeiro não teve muita conexão) e em uma instituição reconhecida no mercado. Eu estava muito feliz por estar ali, mas a sensação, mais uma vez, era de não saber nada.
Ao longo de seis meses, cometi três erros marcantes: enviei o endereço errado de um evento, copiei as pessoas erradas em um e-mail (e elas definitivamente não deveriam receber aquela mensagem), e deixei passar assinaturas importantes.
Em todas essas situações, fiquei arrasada e me culpei demais. Tinha certeza de que não conseguiria fazer nada certo.
Mudei de estágio e continuei errando. Corta para 2024: há pouco mais de uma semana, cometi outro erro no trabalho. Talvez por falta de atenção? Ou por todas as outras questões externas que estávamos enfrentando? Não sei dizer, mas eu errei.
Minha líder foi acolhedora, mas eu fiquei com medo e, como em tantas outras vezes, me culpei. Fiquei muito chateada porque, à medida que avançamos na carreira, esperamos errar menos.
Aqui entre nós: minha vida não se resume a erros, mas eles sempre protagonizam momentos importantes e acabam ganhando mais espaço na minha memória do que todos os acertos.
O cômico – pelo menos agora consigo rir disso – foi que, na mesma manhã, minha líder tinha me elogiado. Logo lembrei dos fantasmas que insistem em me dizer: "Quando tudo está dando certo, algo vai dar errado."
Após essa crise existencial (que ainda nem falei para minha terapeuta), cheguei a uma conclusão: não estamos imunes ao erro. Isso não significa que vamos nos importar menos ou fazer as coisas de qualquer jeito, mas, por mais que nos esforcemos, erros ainda vão acontecer.
Eu espero ser mais acolhedora com os meus erros.
um post legal
Tenho críticas à trend “como vou ser triste esse ano se...”. Inclusive, já fiz um conteúdo falando sobre isso. Mas, como sou hipócrita, acabei fazendo um post fofinho com a frase: “como vou ser triste esse ano se eu tive você ao meu lado”. Esse é o post do mês.
notícias
📰 Você viu a palavra do ano segundo dicionário de Oxford? “Brain rot”se refere à deterioração mental que vem do consumo excessivo de conteúdo de baixa qualidade na internet. Leia mais aqui;
📰 Não sei se você curte o universo gamer, mas mesmo que você não tenha uma admiração, tem uma série maravilhosa produzida pela Netflix que aborda o universo de League of Legends. A trilha sonora é maravilhosa e o roteiro… eu não tenho palavras. Minha recomendação: assista Arcane.
📰 Eu li uma notícia e fiquei pensativa, embora tivesse um pouco de conhecimento, pois trabalhei na indústria do papel e celulose. Uma pesquisa aponta a necessidade em torno da leitura. Pela primeira vez na série histórica, a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores na população brasileira: 53% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.
📰 Talvez não seja uma notícia, mas queria compartilhar uma ação que rolou entre a Querida Sanidade e a Editora Arqueiro <3. Dá uma olhadinha, pf? 😭
dica de leitura
Estou lendo um livro em que a protagonista, desanimada com a vida, resolve abrir uma livraria. Não que eu esteja desanimada — embora fique às vezes —, mas eu adoraria abrir uma livraria.
A cada capítulo, sinto vontade de me teletransportar para a livraria dela e provar o café feito pelo querido funcionário, que ela contratou já consciente de que a livraria poderia fechar em dois anos, seja por causa da crise no mercado editorial ou pelo simples fato de que ninguém parece ter mais tempo para ler.
Eu queria participar dos seus talks e clubes de leitura. Inclusive, enviei esse livro de presente para uma amiga querida que conheci por meio da Querida Sanidade. Por isso, essa é a indicação do mês.
Ah, o nome do livro: Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong.
Muito bom o texto sobre o erro. Lembro das minhas aulas de pedagogia, quando líamos um texto de Piaget que dizia que o erro é a aprendizagem. Erramos muito. Que saibamos olhar para eles e não nos punirmos tanto. Erros são grandes janelas por onde podemos olhar sob novas perspectivas. Abraço.